Mucugê é um dos mais antigos municípios da Chapada Diamantina, localizado em uma região originalmente habitada por indígenas. Nasceu bem próximo da nascente do Rio Paraguaçu e às margens do rio que também recebeu o nome da fruta Mukuié/Mucujê (planta bastante incidente na região e batizada pelos índios Tupi Guaranis). Sua ocupação como comunidade teve início no fim do Século XVIII, no local chamado Fazenda Riachão Mucugê.
O crescimento do processo de povoação se deu na década de 1840, quando o tropeiro Cazuza do Prado encontrou no leito do Rio Mucugê, jazidas de diamantes jamais encontradas na Bahia, fato que gerou uma corrida sem precedentes atraindo pessoas de diversos lugares dando origem ao ciclo diamantífero no Estado.
Inicialmente batizada como Vila de Santa Izabel do Paraguaçu, em homenagem ao Rio Paraguaçu, o povoado passou a viver um ciclo de prosperidade e ostentação de riquezas que permeou suas primeiras décadas como município, então batizado com nome de Mucugê; riqueza que entrou em declínio a partir do ano de 1870, com as descobertas de novas jazidas de diamantes no Sul da África.
Com a estagnação do garimpo, o município enfrentou um período de decadência e sua população foi se reduzindo de 30 mil habitantes, no auge do garimpo, para apenas centenas de habitantes na década de 1970. Nesse período, a população sobreviveu da coleta e comercialização das flores dos “Gerais”, em especial da Sempre Viva, que era exportada pelo seu valor ornamental.
Já na década de 1980, com o fomento regional à cultura do café, a população voltou a crescer, avanço auxiliado pelo impulso do turismo e da agricultura empresarial altamente mecanizada, trazida por grandes grupos de empresários oriundos do Sul e Sudeste do país e alguns grupos estrangeiros, como os japoneses.
Essa histórica de vida proporcionou a Mucugê um importante legado cultural, expresso fisicamente no conjunto arquitetônico neoclássico do século XIX, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no limiar da década de 1970. A sede do município tem, ainda hoje, um Centro Histórico composto por um casario preservado, com destaque para a Igreja Matriz de Santa Isabel – construída em meados do Século XIX – e para o Cemitério de Santa Isabel, conjunto singular, construído por volta de 1886 e que possui traços da arquitetura Gótica e Bizantina.
Também integrante deste legado cultural, vale destacar as centenárias manifestações culturais, como a tradicional Filarmônica 23 de Dezembro, os Ternos de Reis e das Almas, além das festividades religiosas católicas, que integram o calendário tradicional das festas de Mucugê, em especial os festejos dedicados a Santo Antônio, São Pedro e São João Batista-padroeiro do município.
Toda essa história, porém, sempre esteve associado a uma característica fundamental para o desenvolvimento humano e econômico da região, o privilégio de Mucugê estar localizado no platô da Chapada Diamantina, região de imensurável riqueza natural, com montanhas, vales e cânions banhados por rios e cachoeiras que possuem uma biodiversidade de valor inestimável.
Entre essas principais riquezas naturais está o Rio Paraguaçu e seus afluentes, indispensáveis para a sobrevivência de mais de 03 (três) milhões de pessoas, sendo um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento econômico regional. Com nascente a cerca de 100 km ao sul da sede de Mucugê, o Paraguaçu corta “ao meio” o município, recebendo as águas do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) – criado em setembro de 1985 como medida de preservação ambiental, cujo território tem 52% dentro dos limites de Mucugê.
Em seu caminho, o Rio Paraguaçu recebe também as águas do Parque Municipal de Mucugê, em cujas terras está localizadas o Projeto Sempre Viva (ambos criados em maio de 1999). O Projeto Sempre Viva, vale salientar, em menos de 10 anos conquistou reconhecimento como referência em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.
E todo esse conjunto ecológico, que engloba necessidade humana e potencial para lazer e prática esportiva, faz de Mucugê um lugar ideal para a prática do Ecoturismo e do Turismo de Aventura, atividades que contribuem com a divulgação regional e sempre estão acompanhadas de iniciativas que apelam para a utilização sustentável deste patrimônio natural.